Malba Tahan teve grande importância na divulgação da matemática no Brasil, utilizando uma abordagem criativa e acessível em suas obras. Entre seus livros mais conhecidos, está “O homem que calculava: aventuras de um singular calculista persa”, publicado em 1938.
Como superar estigmas e obstáculos com a matemática?
A abordagem parte de uma constatação de que todos podem aprender matemática em altos níveis. “Sabemos pelas pesquisas de neurociência que muitos alunos não conseguem entender, mas não é por uma questão de capacidade. O que acontece é que temos alguns obstáculos que estão atrapalhando. Então, o que queremos fazer é criar um ambiente na sala de aula em que os alunos se sintam capazes o suficiente para aprender e fazer perguntas”, destaca Jack Dieckmann, diretor de pesquisa da plataforma YouCubed e pesquisador da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.Temos uma cultura de gerações que diz ‘eu aprendi assim, meus pais aprenderam assim e, talvez, os meus avós tenham aprendido assim’. Parece normal ter esse pensamento de que a matemática vai ser sempre difícil
Com base em conhecimentos da psicologia, da neurociência e da educação matemática, Dieckmann afirma que a abordagem tem o objetivo de repensar a relação que alunos e professores têm com a matemática. “Temos uma cultura de gerações que diz ‘eu aprendi assim, meus pais aprenderam assim e, talvez, os meus avós tenham aprendido assim’. Parece normal ter esse pensamento de que a matemática vai ser sempre difícil”, relata. No entanto, ele diz que é preciso desconstruir esses estigmas e adotar novas posturas em relação ao ensino da matemática, que hoje ainda é muito desconectado da forma como os próprios matemáticos enxergam a área.

Crédito: Divulgação
Jack Dieckmann, professor de Stanford (EUA), para pesquisa na área de Matemática
“Não é somente dizer uma frase de motivação de que todos podem aprender, mas é pensar em como vamos fazer isso”, ressalta. De acordo com ele, a resposta também passa por mudanças nas normas da sala de aula, no currículo e nas práticas de ensino. “Se não fizermos isso, é como se estivéssemos dizendo para os alunos: vocês têm toda a responsabilidade por não conseguir.”
Uma nova forma de aprender matemática
Dentro dessas mudanças, ele cita algumas possibilidades como o trabalho visual, a valorização do raciocínio e dos diferentes caminhos para chegar a uma resposta, o foco no pensamento cuidadoso em detrimento à velocidade e a abertura ao erro como parte do processo de aprendizagem. “Quando um aluno comete um erro costumamos dizer ‘sinapse’. O cérebro está crescendo nesse momento, então isso não é uma coisa ruim”, menciona o pesquisador.
“O elemento do erro ainda é muito punido dentro do ambiente escolar, mas ele faz parte do processo de aprendizagem”, concorda Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, instituição que trouxe a abordagem Mentalidades Matemáticas para o Brasil, com base os estudos da professora e pesquisadora Jo Boaler, da Universidade de Stanford, aliados à estratégia de trabalho em grupos colaborativos, desenvolvida pelas pesquisadoras Rachel Lotan e Elizabeth Cohen, da mesma instituição.
Para a presidente do Instituto Sidarta, também é preciso rever a ideia de que a matemática é a ciência dos números. “Os matemáticos vão afirmar que esse conceito já está ultrapassado há mais de 2.500 anos. Hoje muitos preferem definir a matemática como a ciência dos padrões”, explica Ya Jen. “Quando você começa a enxergar o mundo pela lógica da matemática, você percebe que os padrões estão em toda parte. Não há como separar o ser humano da lógica matemática, porque ela está presente inclusive na natureza.”
Formação de professores e mudança de mentalidade
Muitas vezes, por não enxergar essa relação entre a forma como a matemática é ensinada na escola e a aplicação na vida real, as pessoas olham a disciplina com um estigma. E isso também recai sobre o professor. “Quando ele se vê nesse lugar de impossibilidade de aprender matemática, isso gera um impacto direto nas crianças”, indica Ya Jen. Por esse motivo, dentro da abordagem, os educadores são um dos primeiros agentes sensibilizados a enxergar a matemática de forma mais aberta, criativa e visual.
A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos
“A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos. Eles pensam e observam que procedimentos, fórmulas e a resposta certa é apenas uma parte da matemática, mas ela está inserida em um universo muito maior”, conta a socióloga Marina França, formadora de professores do programa Mentalidades Matemáticas.
Jack Dieckmann, professor de Stanford (EUA), para pesquisa na área de Matemática
“Não é somente dizer uma frase de motivação de que todos podem aprender, mas é pensar em como vamos fazer isso”, ressalta. De acordo com ele, a resposta também passa por mudanças nas normas da sala de aula, no currículo e nas práticas de ensino. “Se não fizermos isso, é como se estivéssemos dizendo para os alunos: vocês têm toda a responsabilidade por não conseguir.”
Uma nova forma de aprender matemática
Dentro dessas mudanças, ele cita algumas possibilidades como o trabalho visual, a valorização do raciocínio e dos diferentes caminhos para chegar a uma resposta, o foco no pensamento cuidadoso em detrimento à velocidade e a abertura ao erro como parte do processo de aprendizagem. “Quando um aluno comete um erro costumamos dizer ‘sinapse’. O cérebro está crescendo nesse momento, então isso não é uma coisa ruim”, menciona o pesquisador.
“O elemento do erro ainda é muito punido dentro do ambiente escolar, mas ele faz parte do processo de aprendizagem”, concorda Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, instituição que trouxe a abordagem Mentalidades Matemáticas para o Brasil, com base os estudos da professora e pesquisadora Jo Boaler, da Universidade de Stanford, aliados à estratégia de trabalho em grupos colaborativos, desenvolvida pelas pesquisadoras Rachel Lotan e Elizabeth Cohen, da mesma instituição.
Para a presidente do Instituto Sidarta, também é preciso rever a ideia de que a matemática é a ciência dos números. “Os matemáticos vão afirmar que esse conceito já está ultrapassado há mais de 2.500 anos. Hoje muitos preferem definir a matemática como a ciência dos padrões”, explica Ya Jen. “Quando você começa a enxergar o mundo pela lógica da matemática, você percebe que os padrões estão em toda parte. Não há como separar o ser humano da lógica matemática, porque ela está presente inclusive na natureza.”
Formação de professores e mudança de mentalidade
Muitas vezes, por não enxergar essa relação entre a forma como a matemática é ensinada na escola e a aplicação na vida real, as pessoas olham a disciplina com um estigma. E isso também recai sobre o professor. “Quando ele se vê nesse lugar de impossibilidade de aprender matemática, isso gera um impacto direto nas crianças”, indica Ya Jen. Por esse motivo, dentro da abordagem, os educadores são um dos primeiros agentes sensibilizados a enxergar a matemática de forma mais aberta, criativa e visual.
A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos
“A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos. Eles pensam e observam que procedimentos, fórmulas e a resposta certa é apenas uma parte da matemática, mas ela está inserida em um universo muito maior”, conta a socióloga Marina França, formadora de professores do programa Mentalidades Matemáticas.