05 maio 2025

6 de maio – Dia da Matemática

O Dia Nacional da Matemática é celebrado em 6 de maio, em homenagem ao nascimento de Malba Tahan, pseudônimo do educador, matemático, escritor e jornalista Júlio César de Mello e Souza, nascido em 1895. Embora já fosse comemorada de forma informal há muitos anos, a data só foi oficializada em 26 de junho de 2013. 

Malba Tahan teve grande importância na divulgação da matemática no Brasil, utilizando uma abordagem criativa e acessível em suas obras. Entre seus livros mais conhecidos, está “O homem que calculava: aventuras de um singular calculista persa”, publicado em 1938.


Como superar estigmas e obstáculos com a matemática?

A abordagem parte de uma constatação de que todos podem aprender matemática em altos níveis. “Sabemos pelas pesquisas de neurociência que muitos alunos não conseguem entender, mas não é por uma questão de capacidade. O que acontece é que temos alguns obstáculos que estão atrapalhando. Então, o que queremos fazer é criar um ambiente na sala de aula em que os alunos se sintam capazes o suficiente para aprender e fazer perguntas”, destaca Jack Dieckmann, diretor de pesquisa da plataforma YouCubed e pesquisador da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Temos uma cultura de gerações que diz ‘eu aprendi assim, meus pais aprenderam assim e, talvez, os meus avós tenham aprendido assim’. Parece normal ter esse pensamento de que a matemática vai ser sempre difícil

Com base em conhecimentos da psicologia, da neurociência e da educação matemática, Dieckmann afirma que a abordagem tem o objetivo de repensar a relação que alunos e professores têm com a matemática. “Temos uma cultura de gerações que diz ‘eu aprendi assim, meus pais aprenderam assim e, talvez, os meus avós tenham aprendido assim’. Parece normal ter esse pensamento de que a matemática vai ser sempre difícil”, relata. No entanto, ele diz que é preciso desconstruir esses estigmas e adotar novas posturas em relação ao ensino da matemática, que hoje ainda é muito desconectado da forma como os próprios matemáticos enxergam a área.
Crédito: Divulgação

Jack Dieckmann, professor de Stanford (EUA), para pesquisa na área de Matemática

“Não é somente dizer uma frase de motivação de que todos podem aprender, mas é pensar em como vamos fazer isso”, ressalta. De acordo com ele, a resposta também passa por mudanças nas normas da sala de aula, no currículo e nas práticas de ensino. “Se não fizermos isso, é como se estivéssemos dizendo para os alunos: vocês têm toda a responsabilidade por não conseguir.”

Uma nova forma de aprender matemática
Dentro dessas mudanças, ele cita algumas possibilidades como o trabalho visual, a valorização do raciocínio e dos diferentes caminhos para chegar a uma resposta, o foco no pensamento cuidadoso em detrimento à velocidade e a abertura ao erro como parte do processo de aprendizagem. “Quando um aluno comete um erro costumamos dizer ‘sinapse’. O cérebro está crescendo nesse momento, então isso não é uma coisa ruim”, menciona o pesquisador.

“O elemento do erro ainda é muito punido dentro do ambiente escolar, mas ele faz parte do processo de aprendizagem”, concorda Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, instituição que trouxe a abordagem Mentalidades Matemáticas para o Brasil, com base os estudos da professora e pesquisadora Jo Boaler, da Universidade de Stanford, aliados à estratégia de trabalho em grupos colaborativos, desenvolvida pelas pesquisadoras Rachel Lotan e Elizabeth Cohen, da mesma instituição.

Para a presidente do Instituto Sidarta, também é preciso rever a ideia de que a matemática é a ciência dos números. “Os matemáticos vão afirmar que esse conceito já está ultrapassado há mais de 2.500 anos. Hoje muitos preferem definir a matemática como a ciência dos padrões”, explica Ya Jen. “Quando você começa a enxergar o mundo pela lógica da matemática, você percebe que os padrões estão em toda parte. Não há como separar o ser humano da lógica matemática, porque ela está presente inclusive na natureza.”

Formação de professores e mudança de mentalidade
Muitas vezes, por não enxergar essa relação entre a forma como a matemática é ensinada na escola e a aplicação na vida real, as pessoas olham a disciplina com um estigma. E isso também recai sobre o professor. “Quando ele se vê nesse lugar de impossibilidade de aprender matemática, isso gera um impacto direto nas crianças”, indica Ya Jen. Por esse motivo, dentro da abordagem, os educadores são um dos primeiros agentes sensibilizados a enxergar a matemática de forma mais aberta, criativa e visual.
A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos

“A mudança acontece quando os professores olham para a matemática e se reencontram enquanto sujeitos matemáticos. Eles pensam e observam que procedimentos, fórmulas e a resposta certa é apenas uma parte da matemática, mas ela está inserida em um universo muito maior”, conta a socióloga Marina França, formadora de professores do programa Mentalidades Matemáticas.

De educador para educador - Indicações de livros

Não são poucas as listas que reúnem os melhores livros para a profissão docente. segue compilação de pesquisa com 4 mil educadores: Qual livro mais inspirou sua prática docente?
Confira o resultado e deixe nos comentários ao final da matéria as suas indicações. Boa leitura.
Indicações de professores da educação infantil e do ensino fundamental




Da minha janela (Otávio Júnior)

Sou professora da educação infantil no Rio de Janeiro e o livro do Otávio Cesar Júnior me deu a oportunidade de abrir as janelas da imaginação, do conhecimento e das oportunidades para que as crianças da minha turma pudessem enxergar novas histórias e possibilidades para enfrentar a questão da história única vivida nas favelas. Utilizamos o livro no Projeto Pedagógico Anual deste ano de 2023: construímos uma janela, por onde nossas crianças tinham a proposta de enxergar um mundo para além do verde e rosa, cores de nossa comunidade. A partir dessa janela, observamos a nossa comunidade, nossa cidade, nosso país (com destaque para os encantos da cultura da Bahia) e até o mundo (quando estudamos a África e a nossa ancestralidade). Por meio desta janela, ouvimos histórias, compartilhamos vivências e experiências cotidianamente… Ainda está sendo muito interessante e agregador trabalhar com esse livro. Recomendo!

Cirlene Marques do Nascimento dos Santos, professora de educação infantil da Creche Municipal Nação Mangueirense no Rio de Janeiro (RJ)





Os condenados da Terra (Frantz Fanon)

Este livro de 1961 segue atual e de grande impacto. Relata a relação estabelecida na sociedade de oprimidos e opressores. Paulo Freire o cita na sua obra. Nunca o usei diretamente com minhas turmas, mas é uma obra fundamental para que se promova uma sala de aula igualitária. Indico aos que desejam erguer o punho e criar um ambiente antirracista e decolonizado.

Haianna dos Santos Rodrigues Lima, professora do 5º ano da Escola Parque Barra, no Rio de Janeiro (RJ)





A ciência através dos tempos (Attico Chassot)

Voltado ao desenvolvimento da ciência, o livro auxilia os questionamentos dos porquês e mostra a evolução da ciência. Também indico o livro “Alfaletrar”, de Magda Soares, que mostra caminhos para trabalhar com o segmento da alfabetização.

Karen Aparecida Bohnke, professora do ensino fundamental da rede estadual e municipal, em São Paulo (SP)





Na vida 10, na escola zero (Terezinha Nunes, David Carraher, Analúcia Schliemann)

O livro apresenta a relação entre sujeitos que constroem conhecimentos numa relação cotidiana. Muitas vezes, a escola se distancia desse sujeito de contextos com currículos de vida e vivência para impor conhecimentos verticalizados por ideologias impostas em propostas padronizadas.

Mary Sônia Dutra de Alencar, professora do ensino fundamental na Escola Estadual Ministro Waldemar Pedrosa e no Colégio Nossa Senhora do Carmo, em Parintins (AM)





Literatura infantil: gostosuras e bobices (Fanny Abramovich)

O livro abriu muito meus horizontes acerca da literatura infantil. Nas aulas de formação de professoras e professores, eu constantemente o uso como uma das grandes referências no tema.

Janete Borges, professora de ensino fundamental e mediadora de leitura na Escola Estadual Presidente Castelo Branco, em Belém (PA)





O livro da arte (Vários autores, Editores da Phaidon Press)

“O livro da arte” é como se fosse um dicionário de A a Z, no qual são apresentados artistas em ordem alfabética. Em cada página, há uma obra impressa de cada artista com suas informações. Meu caso de amor com esse livro começou durante uma aula: eu e meus alunos estávamos folheando o livro e vimos algumas paisagens que se assemelhavam a lugares na nossa cidade. Isso nos deixou admirados, notar como pinturas de séculos passados, de artistas que nunca vieram para cá, fizeram obras tão semelhantes. O livro inspirou meu TCC na pós-graduação. Eu o indico para os professores de artes, pois é muito prático, as obras são em tamanho bom para serem visualizadas e mostradas na sala de aula e sua interpretação é resumida, muito fácil de ser entendida.

Angela Sawatzky, professora de artes do ensino fundamental na Escola São José, no Colégio Enigma e na Escola Coopeb, em Barreiras (BA)





Pedagogia do oprimido (Paulo Freire)

Paulo Freire traz uma reflexão de como o conhecimento é restrito para os que têm maior poder aquisitivo. E também de como o conhecimento liberta os oprimidos. Esse livro vai muito além da sala de aula: é uma lição de sociologia e serve para a vida.

Edilene Silva de Jesus, professora de educação infantil na rede pública de Santo André (SP)





Pedagogia da autonomia (Paulo Freire)

Este livro despertou em mim sutilezas da carreira docente que até então eu não tinha percebido. Depois de ler “Pedagogia da autonomia”, Paulo Freire segue sendo minha inspiração.

Mirtes Ramos dos Santos Melo, professora da Creche Municipal João Eugênio, em Recife (PE)





Pedagogia da cultura corporal: críticas e alternativas (Marcos Garcia Neira e Mário Luiz Ferrari Nunes)

Considero esta obra um marco na minha formação, na medida em que não só me forneceu subsídios teóricos e metodológicos para a prática docente e curricular, mas me permitiu, pela primeira vez, o encontro com as chamadas humanidades (ciências humanas e filosofia). Além do mais, tive o prazer de ler a obra a partir das aulas de um dos autores, Mário Nunes.

Carlos Willian de Azevedo, professor do ensino fundamental na EMEF Aníbal Freire, em São Paulo (SP)





Os sete saberes necessários à educação do futuro (Edgar Morin)

Este livro me inspira desde seu lançamento. Uso as orientações, provocações e indagações de Morin na minha prática diária, indico essa leitura juntamente com toda a bibliografia do mestre Paulo Freire sempre que falo com professores em palestras ou reuniões. Esses mestres são minha base na construção dos saberes com meus alunos.

Eliane Cunha, professora regente polivalente do 5° ano na Escola Estadual Professora Maria Odila Guimarães Bueno, em São Paulo (SP)





Uma professora muito maluquinha (Ziraldo)

Mostra a sensibilidade de uma professora na conquista de seus alunos. Hoje devemos ser professores sensíveis. Que sejamos luz na vida de nossos adolescentes.

Francisca Ivany Gonçalves Amorim Moreira, professora de ciências da natureza e projeto de vida na Escola de Ensino Fundamental Dr. José Adonias Gurgel de Albuquerque, em Acopiara (CE)





Os elementos (Euclides)

“Os elementos”, do matemático grego Euclides, é um livro histórico, escrito por volta dos anos 300 a.C. Ele me inspirou graças ao seu conteúdo ser tão antigo mas tão atual. A maneira como foi escrito, estabelecendo definições, corolários, proposições e demonstrações mostram a rigidez, beleza e grandiosidade da matemática. Este livro deve ser (se não for, deveria ser) uma inspiração para todos os professores e produtores de conteúdo da matemática.

Eduardo Pedroso Longhini, professor de matemática do ensino fundamental e médio no Colégio Marista Glória, em São Paulo (SP)





Mensagem (Fernando Pessoa)

Na época da faculdade, quando comecei a estudar literatura portuguesa e meu professor me apresentou esse livro do poeta português Fernando Pessoa, fiquei apaixonada e me aprofundei mais.

Josilaine Regina Soares, professora de língua portuguesa da EMEF Aníbal Freire, em São Paulo (SP)





A hora da estrela (Clarice Lispector)
Quando li, fiquei tão encantada com a história… Fui estudar a biografia da Clarice e descobri que iria trabalhar com literatura.
Suzelei Rosa, professora de língua portuguesa da Escola Municipal Professor Benedito de Carvalho Lopes, em Cambuí (MG)